
PULGA ATRÁS DA ORELHA
“O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência”(Julie de Lespinasse)
Tatiana e Pedro, formavam um casal que se dava muito bem, se entendia bastante e tinha poucas divergências. Ela muito trabalhadora com um emprego muito bom que ela adorava, com bons colegas e ambiente afável, chefe democrático e acessível, que até gostava de opiniões, sugestões e criatividade. O horário era fixo sem horas extras, o que era outra vantagem, pois permitia que chegasse em casa sempre por volta das 18:30hs e conseguia preparar o jantar para os dois. Gostava muito da rotina que ela tinha, e que apesar de ser rotina, não era nada entediante.
Pedro, profissional liberal, também gostava muito do que fazia pois tinha horário mais flexível do que a mulher. Quando Tatiana saía de manhã, já deixava o café pronto para ele, porque ele podia levantar mais tarde. Sempre dava um sorriso de satisfação ao chegar na cozinha, e ver a mesa prontinha com tudo que ele gostava. À noite também chegava mais tarde, variando o horário conforme os compromissos do dia.
Trajetória normal de um casal normal e feliz. Quando ele não se atrasava muito à noite, os dois ainda saíam para exercícios físicos, fosse caminhada, bicicleta ou vôlei com a vizinhança, pois a rua era sem movimento e eles então colocavam a rede o que já era um convite natural e todos que gostavam se aproximavam.
Tudo ia bem(A Essência das 5 Linguagens do Amor – Gary Chapman), até Tatiana detectar um cheiro diferente nas roupas do marido. Ela estava separando o que iria para a lavadeira sentiu e estranhou, ficou pensativa, cheirou de novo, e racionalizou que deveria ser de algum cliente que ele havia atendido, recebeu um abraço talvez, não deveria ser nada. Como o odor não aparecida em todas as peças, só em algumas, tentou forçar a memória para associar a alguma coisa conhecida, parecia mesmo cheiro de amaciante bem cheiroso impregnado.
Mas (nossa porque sempre tem um mas, não é mesmo?), já ficou com uma pulga atrás da orelha! Por causa disso, foi associando com o tempo, as roupas que cheirava com os dias que Pedro chegava mais feliz em casa.
Pronto! Pulga atrás da orelha mesmo! E minhocas na cabeça! Caramba! O que estava acontecendo? Será que poderia ser alguma coisa? Ou era a imaginação dela, que para ser sincera sempre fora bem rica? Entrou em processo de tortura mental. Como esclarecer? Precisava ter muito cuidado porque não queria ofender se fosse infundado. A melhor amiga (sempre tem as amigas) sugeriu que ela o seguisse. Ah, mas isso não seria muito digno, não é mesmo?
Depois de muito se debater, decidiu conversar com ele.
Naquele dia ele chegou, foi direto tomar uma ducha e desceu para jantar. Ficou feliz por vê-la esperando por ele e já contente por ter a companhia dela. Após o jantar, ameno como sempre, ela perguntou:
_ Quem você está vendo depois do trabalho? E por favor, não minta para mim.
Ele se espantou, se calou, baixou os olhos.
Ela por sua vez, ficou mais espantada ainda do que ele, porque esperava que ele negasse e risse da insegurança dela. Ficou ali, estática, paralisada mesmo por tanto tempo que só o viu de novo quando ele passou com uma maleta e saiu pela porta da frente.
-Achou complicado?
-O que você faria?
-Acha que essa situação tem solução para os dois?