
TRABALHO, DESEMPENHO E DEDICAÇÃO
“Para ser bem sucedido no trabalho, a primeira coisa a fazer é apaixonar-se por ele”(Mary Lauretta)
Pedro era um homem muito dedicado ao trabalho e que sempre procurava melhorar seu desempenho em busca de aprovação, elogio ou aceitação do chefe. Percebeu que não tinha se tornado só um workaholic, mas também um perfeccionista pois estava sempre em busca de melhorar o que já estava bom.
Mas para tristeza, decepção e desencanto cada vez maiores, aquelas palavrinhas encorajadoras que poderiam vir do chefe para o seu trabalho, não vinham. Nunca vinham.
Ele só queria fazer seu trabalho e ter reconhecimento de estar bem feito. Tentava se consolar, pensando que também não vinham reclamações sobre o seu desempenho e que isso era bom sinal, não era? Por outro lado ele pensava que faltando poucos anos para a aposentadoria e por ter passado todo aquele tempo na mesma empresa, subindo degrau por degrau merecidamente, por ter se esmerado no seu desempenho, talvez, só talvez pudesse ter do chefe atual um pouco mais de resposta positiva. Não falava a respeito de salário porque a empresa tinha plano de cargos e salários então nada era surpresa nesta área. Falava de reconhecimento mesmo.
E os anos se passavam e nada! E ele iria se aposentar antes do chefe. Que pena! Se fosse diferente, ele teria uma chance de ter um outro mais humano, menos máquina, quem sabe. Os anteriores até que elogiavam, pouco mas elogiavam. Que saudade.
Um belo dia, parece que a ficha caiu. Mas o que ele estava fazendo? Em nome do que colocava nas mãos de outra pessoa a avaliação dele mesmo? Afinal, ele sabia do seu próprio valor ou não? Oras, se o chefe dele era seco que nem uva passa, talvez tivesse alguma causa para infelicidade, talvez em casa, ou problema familiar, ou carência, o que importava? Problema dele, que continuasse secando, pois ele não iria mais seguir esse caminho não.
Decidiu que dali para a frente, faria o seu melhor sim, mas só no horário mesmo de trabalho, nunca mais daria horas de trabalho após seu horário, para que pilhas não se acumulassem na mesa, e quem sabe o chefe-passa não reparasse no trabalho se atrasando (ele tinha consciência de que trabalhava por pelo menos três pessoas), mas se por acaso percebesse e chamasse a atenção, ele seria franco e diria que havia falta de mais funcionários. Claro, só se houvesse interesse dele em saber.
– Tem algum recado para o Pedro?
– Conhece alguém que já tenha passado por situação semelhante?
– Quer contar sua história?