
MELISSA
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete” (Aristóteles 384 a.C. a 322 a.C.)
Melissa é adotada, mas só descobriu quando a mãe faleceu, aos 17 anos dela. Sem nem ao menos entender o por quê nem parar pra pensar, revoltou-se ao saber, ficou furiosa, se sentiu traída e enganada.
Muito confusa, pensou que por isso talvez fosse filha única. Mas qual o motivo então dos pais não terem adotado mais filhos? Eram bem de vida, abonados mesmo. Mais triste então ficou, pois vários pensamentos lhe acometiam, sem que ela conseguisse organizar ou clarear as idéias.
A família se justificou ao ser questionada, que ninguém contou nada pelo próprio bem dela, para a sua proteção, pois o que não faltava eram pessoas interesseiras ou aproveitadoras, que não conseguiam partilhar a felicidade com os outros.
Esconderam de todos de todas as maneiras, por medo de que alguém por maldade, a fizesse se sentir perturbada, embaraçada ou mesmo envergonhada por qualquer motivo que fosse.
Também explicaram que não havia mais crianças, porque os pais já com idade, tinham receio de deixar os filhos sem pais novamente, crianças que já haviam sido abandonadas uma vez. Já pensou? Seria justo fazer com que se sentissem abandonadas de novo? pois para uma criança a morte significa abandono, e muitas vezes ela se sente derrotada, fracassada e culpada por não ter mantido os pais desta vez!
Mas agora, Melissa já crescida, e apesar de ter perdido a mãe, poderia assimilar a informação de maneira real, lhe diziam. Foi adotada e amada tanto ou mais que um filho natural.
Mas ela ainda inconformada tinha muitas perguntas. Como a encontraram para adotar? Quem eram os pais biológicos e porque não a quiseram? Ela tinha um temperamento forte e teimoso, por acaso seria por isso? Por ter sido abandonada? Por se sentir rejeitada? Ou seria carga genética, porque os pais ou um deles tinha esse mesmo temperamento?
O pai dela, com a maior paciência, conversou com ela mostrando que nada disso importava mais. O que mais importava era que ela tinha sido muito amada sempre e que ele não tinha essas respostas para dar a ela, pois o abrigo que a acolhera não tinha nenhuma informação para fornecer.
Que parte do temperamento dela vinha da criação dada e com certeza eles, seus pais do coração, haviam-na mimado em excesso e em consequência disso ela ficou voluntariosa e mimada. Que eles tinham agora que se esforçar para melhorar o jeito dela com a vida. Que ele estava ali para ajudá-la, ampará-la e sempre estar ao seu lado, enquanto ela precisasse.
Mesmo assim, Melissa sentia a cabeça ferver como se enigmas sem fim dançassem dentro dela.
Consegue se colocar no lugar de Melissa?
Acha que Melissa tem motivos para reagir dessa maneira?
Consegue ter uma ideia para consolá-la?
– Como traduzir a confusão dos pensamentos dela?
– Qual reação você teria?
– O que você responderia para ela?